Técnico Taguspark numa palavra

“Por uma faculdade resiliente: os contributos de Carla Boura para a comunidade estudantil”

Entrevista de Carla Boura: Técnico Taguspark numa palavra

Para Carla Boura, a palavra que melhor descreve o Taguspark é “Estudantes”. Carla realça alguns elementos distintivos do campus, como a arquitetura, o jardim e até o painel de Fidel Évora Tavares e destaca, acima de tudo, a proximidade das pessoas como um dos grandes ex-libris. Envolvida ativamente com os estudantes, Carla enfatiza o ambiente espetacular e a atmosfera familiar que impactam positivamente os resultados e o desenvolvimento da comunidade.

Carla nasceu no centro de Lisboa, em Alvalade, mas viveu praticamente toda a sua vida em Oeiras, perto do mar. “Já não consigo viver de outra forma”, revela entre risos. Durante a infância, era uma criança faladora, bem disposta e “fazia amigos com facilidade”, características estas que se mantiveram até aos dias de hoje. Desde sempre que soube que queria ser jornalista, bióloga marinha ou psicóloga, optando pela última opção devido à sua paixão pela ligação com as pessoas: “Desde pequena que sabia que ia estar ligada a pessoas. Sempre me interessei   pelo modo como nos relacionamos connosco e com os outros e sempre tive facilidade em criar empatia e segurança nas relações”.

No secundário optou pela área de Ciências e Tecnologias, e após terminar, entrou no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) para estudar aquilo que sempre ambicionou, psicologia. O seu percurso na faculdade foi marcado por amizades duradouras e experiências enriquecedoras: “Os tempos da faculdade foram tempos maravilhosos, os melhores tempos da minha vida (…) Encontrei amigos de infância e fiz muitas ligações com pessoas que ainda hoje são minhas amigas”, recorda Carla com nostalgia.

O percurso de Carla no Técnico iniciou durante o seu 2º ano de faculdade, quando começou a trabalhar com Nuno Riscado enquanto bolseira, “Naquela altura entrei para dar apoio nas inscrições dos mestrados. Depois fui para o serviço de apoio psicológico, mas quando surgiu uma oportunidade para vir para o gabinete de apoio ao estudante, não hesitei.” 

Desde então, está há 28 anos no Técnico e tem desenvolvido inúmeros projetos relacionados não só com o Técnico mas também em colaboração com a Universidade de Lisboa. Carla foi uma das responsáveis pela implementação do programa de mentorado no Técnico.

Paralelamente à área da psicologia, Carla esteve também ligada a outros projetos nas mais diversas áreas, “Tenho várias áreas de interesse, especialmente relacionadas com arte e criatividade.” Dedicou-se a projetos de street art e até às artes visuais, “Fui a única vejay mulher portuguesa, e trabalhei como residente em alguns sítios”. Por outro lado, a dedicação a causas sociais esteve sempre presente “Trabalhei com crianças, fiz voluntariado no Serve the City durante 6 anos, e coordenei voluntariado na Casa Sol, em que ajudávamos crianças seropositivas.”.

O percurso de Carla no Técnico foi interrompido durante 4 anos, durante os quais se dedicou a trabalhar na área criativa no teatro Villaret, em que estava ligada à área de organização e apoio aos artistas. “Nessa altura saí do Técnico porque sentia que precisava de um período sabático. Era muito jovem e sempre gostei de fazer coisas novas, então quando me juntei ao teatro foi muito nesse sentido, de explorar uma área diferente”. 

Após esse período a trabalhar fora do Técnico, Carla decidiu regressar quando soube que ia abrir o novo campus do Taguspark e voltou a juntar-se ao gabinete de apoio ao estudante, “Aquilo que me fez voltar foi o amor, pelos outros e por aquilo que faço. (…) Se houve alturas em que tive dúvidas sobre se esta era a área e o sítio onde devia estar, hoje tenho a certeza (…)”. Gosto muito de trabalhar com estudantes, é a minha paixão”. Para Carla, o sentimento de acompanhar estudantes, que muitas vezes lhe chegam desmotivados com a faculdade, e conseguir, através do apoio contínuo, ajudar na sua evolução para atingirem sucesso nas unidades extracurriculares, é extremamente recompensador. 

Para além do trabalho no Técnico, Carla decidiu retomar os estudos e encontra-se atualmente a realizar um mestrado em Psicologia na Crise e na Emergência. Revela que um dos seus objetivos é ter uma experiência de voluntariado na organização Médicos sem Fronteiras e que este mestrado é uma ferramenta muito importante para desenvolver a capacidade de atuar em situações de crise.

Tem também outros planos futuros que envolvem ter um dia o seu próprio espaço de apoio e ambiciona escrever um livro, o que reflete a sua paixão pela leitura e pelas histórias. ”Tenho muitas histórias. Quando se passa muito tempo com várias pessoas diferentes à nossa volta, há muitos momentos inspiradores para contar.”, revela Carla.

“Espero que os jovens se mantenham curiosos, que perguntem, lutem pelos seus objetivos e façam acontecer. Espero também que o Técnico  se mantenha no caminho da equidade, inclusão e acessibilidade para que as pessoas se sintam bem na sua pele e possam ser felizes como eu fui. (…) Temos feito ótimos progressos enquanto faculdade, é necessário reforçar a questão de criar uma comunidade cada vez mais resiliente e diversificada”, são alguns conselhos deixados por Carla para a comunidade do Técnico.